18 de dezembro de 2015

58º Grande Prémio do Natal EDP 2015

Na minha calendarização da temporada 2015/2016 não constam provas de 10km, com excepção da São Silvestre de Lisboa que já faz parte da "minha tradição" desportiva como um momento de diversão com amigos e familiares. 

Contudo, na semana passada ofereceram-me uma inscrição para o 58º Grande Prémio do Natal EDP que decorreu no domingo e lá fui eu e mais o meu namorado e aproveitei para ter um novo tempo oficial aos 10km. E o que dizer desta prova? Que percurso mais cínico, Jesus Credo!!!!! Uma pessoa até sabe que tem umas subiditas por causa dos túneis, que do Campo Grande ao Saldanha é uma ligeira subida e que se faz tão bem a conduzir, mas a correr... ?

Contava bater a minha marca pessoal que, até então, era de 54'35" da Corrida do Tejo de 2014. Queria ter feito melhor tempo, mas o facto de termos partido na cauda do pelotão (erro crasso!) não facilitou o objectivo. Mas, é Natal e coiso e tal e o que interessa é que fiz os 10km em 47:00.




Mas lá que fiquei com vontade de fazer uma prova fácil de 10km para ver quanto tempo consigo, fiquei...

16 de dezembro de 2015

Meia-Maratona dos Descobrimentos 2015

Pela segunda vez participei na Meia-Maratona dos Descobrimentos e tornou-se daquelas provas que vou querer repetir sempre que seja possível. O percurso é lindíssimo e fácil, o período em que decorre (inicio de Dezembro) é propicio a temperaturas agradáveis para a corrida e o ambiente é muito digno do espírito do atletismo. 


No meu caso especifico, confesso que encarava esta prova de forma ambivalente: se por um lado gostaria de bater a minha marca feita na Rock ‘n’ Roll Meia Maratona Vodafone RTP 2015 (1h52m13s), por outro estava com um medo enorme que voltasse a acontecer o que aconteceu na Maratona do Porto.  Decidi não arriscar e organizar a prova da seguinte forma: durante os primeiros 15km iria a um ritmo relativamente confortável; do 15ºkm ao 18ºkm intensificava um pouco mais o ritmo; e a partir do 19ºkm, aí sim, seria para rebentar, pois se tivesse novamente o problema nos músculos intercostais conseguiria aguentar a dor provocada durante os 2 últimos km. 

E assim fiz. E nem correu muito mal. Não fiz o tempo que pretendia, mas alcancei o objectivo de descer a minha marca pessoal:
  • Meia-Maratona dos Descobrimentos 2014 - 2:03
  • Rock ‘n’ Roll Meia Maratona Vodafone RTP 2015- 1:52
  • Meia-Maratona dos Descobrimentos 2015 - 1:49
Queria apenas fazer uma pequena observação à organização da prova. A Xistarca não é propriamente conhecida pela sua capacidade exemplar de organização de eventos desportivos, mas fiquei muito surpreendida com a organização este ano - 5 estrelas!

13 de novembro de 2015

Maratona do Porto 2015 | A minha experiência

E o que vos posso eu dizer sobre esta prova? Que desisti.

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Depois da Maratona de Longford  comecei a preparar a do Porto e foram três meses de muito treino, de muito sacrifício, algumas dores, de resultados que teimaram a aparecer, de expectativas, enfim, de tudo o que implica a preparação para esta distância. E eu, que nestas coisas até sou beta-que-dói e cumpro 95% que o treinador manda (sendo que os restantes 5% são uma espécie de erro para chocolates, TPM, colegas que oferecem chocolates, dias de chuva torrencial, chocolates que aparecem na gaveta do trabalho, idas à osteopata e que obrigam a paragens de 3 dias, etc), tive mesmo de interromper a prova. 

No inicio colei-me à lebre referente ao meu tempo e por aí fui sempre com ela debaixo de olho. O ritmo estava bem encaixado, sem forçar muito (mas também não ia a comer gelados...) e sempre a fugir para as bermas da estrada de forma a desviar-me da multidão e acompanhar o balão. Até que aos 5km comecei a sentir uma dor nas costelas, uma dor que conheci 4 semanas antes da prova e que me obrigou então a uma visita à osteopata. Ela fez o que tinha a fazer e não voltei a sentir dor, até àquele momento. A partir de então, foi um constante dialogo dentro de mim, a avaliar as hipóteses de continuar a seguir o balão, descer o ritmo ou ficar por ali mesmo.

Quando cheguei ao km10, já mal conseguia respirar e a dor nas costelas propagou-se ao ombro e braço do mesmo lado. Nessa altura, encontrei o meu pai e o meu namorado (ambos a recuperar ritmo de treino após lesões graves) que, apesar de inscritos na Maratona, iam fazer cerca de 20km. Quando os encontrei e lhes contei o que se estava a passar, conseguiram replicar exactamente o que se passava dentro da minha cabeça: um dizia que se estava com muitas dores, não devia força e devia parar; o outro dizia para baixar o ritmo ao mínimo e terminar a prova. E foi aqui que comecei a ficar muito emocionada.  

Desistir era a hipótese menos provável. Nunca o tinha feito antes e  - achava eu - também não seria naquela. Como o meu pai ainda está com um ritmo de corrida muito baixo, o meu namorado decidiu acompanhar-me durante uns km para não ficar sozinha e apoiar-me até ganhar nova motivação. Esperámos pelo balão seguinte e lá fomos nós. Mas apesar do ritmo mais reduzido, apesar das tentativas dele para me distrair, a verdade é que a dor era cada vez mais intensa e dificuldade de respirar cada vez maior. Passei os 15km e precisei de parar durante mais uns instantes para conseguir controlar a dor. 

Então tive de reconhecer o que era evidente... não conseguiria terminar a prova, nem tão pouco valeria apena continuar a sujeitar o corpo a tamanho sofrimento. Estava no km15 e decidi que o meu prémio de consolação seria pelo menos fazer a meia distância. Lá retomamos os dois a corrida, mas por esta altura já as lágrimas me escorriam pela cara abaixo... até que aos 17km parei, saí da estrada, sentei-me num banco do jardim e chorei.

O meu pai encontrou-nos e pedi-lhes para ficar sozinha. Precisava de recuperar, de pensar, de perceber o que tinha acontecido. Quando eles partiram, foi o descalabro... chorei muito, mas mesmo muito. Chorei tanto que pensei comigo "credo, até parece que morreu alguém!" e nem com auto-bullying a coisa acalmou. Estava absolutamente inconsolável. Estava bem, sem qualquer dor nas pernas, com resistência pulmonar, tinha o treino para fazer a minha marca, tinha a dieta e a hidratação, tinha o descanso necessário, tinha o corpo todo preparado para fazer a distância e um estúpido problema nos músculos intercostais foderam-me 2 meses de trabalho. 

Chorei de dor, de frustração, de raiva. Chorei porque, pela primeira vez, tinha de enviar uma mensagem ao treinador a dizer "desisti", que o nosso trabalho das ultimas semanas morreu no 17ºkm. Chorei porque me dediquei tanto, cumpri tudo e sentia o corpo tão preparado e ali estava eu, sentada num banco de um jardim, completamente lavada em lágrimas, cheia de raiva por um problema absolutamente idiota! E então, veio uma senhora brasileira ter comigo. Perguntou-me se estava bem, se precisava de assistência médica, se estava sozinha, se precisava de comer, se queria que ligasse para alguém me vir buscar, se, se, se... Sorria-lhe para agradecer e chorava porque só queria chorar... E foi embora.

Depois veio uma outra senhora, com as mesmas questões e com as mesmas preocupações. Na mesma, sorri para agradecer, mas sempre com as lágrimas pela cara abaixo...  

Depois um rapaz sentou-se no banco e pensei que fosse o meu namorado.  Disse-me chamar-se Ricardo e que era da organização. As mesmas questões e as mesmas preocupações. Sorri e chorei.

Depois veio um senhor equipado e com dorsal da maratona. Em inglês perguntou-me de onde vinha e de seguida disse-me o seu nome (que não me lembro) e acrescentou que era holandês. Uma forte dor no joelho obrigou-o a desistir da maratona e acrescentou "there's always a next one".

A primeira senhora, a brasileira, voltou a aparecer junto de mim. Trazia um bolinho e ofereceu-me. E às tantas, já chorava de estar tão comovida com a gentileza dela e das outras três.

Levantei-me do banco e fui para o outro lado da estrada. Queria apanhar sol e ficar mais resguardada. Fiquei muito comovida com a reação das pessoas que me abordaram, mas o que queria era mesmo chorar sozinha, sem ninguém me ver. 

Encostada a um muro de uma igreja, escondida por uns carros estacionados e sentir o sol a aquecer-me o corpo e alma, apareceu uma 5ª pessoa. Um senhor cujo nome não me recordo (acho que eles liam o meu nome do dorsal e talvez se sentissem  impelidos de dizer os seus), mas com um sotaque que não escondia as origens tripeiras, dizia-me que ia batizar o sobrinho naquela igreja, que fez várias meias maratonas, que gostaria muito de fazer a maratona, que o Porto é muito lindo, etc. etc. Às tantas, já era eu que o incentivava a fazer a distância e fiquei, finalmente, mais calma.

Mas voltando ao inicio do texto, o que vos posso dizer da minha experiência do Porto? Que a minha prestação foi uma valente merda, mas que todos os momentos de agonia e desespero valeram por todo o carinho que recebi e pela grande lição de humildade que trouxe comigo. Para o ano há mais.